Voltei a dormir por uma hora após ter acordado inicialmente às 7:00 h. Uma das possibilidades de passeio era a visita a uma praia em área protegida perto do aeroporto. Kalogria (leia calogriá) fica quase 50 quilômetros distante de Patras e teria que pegar o ônibus das 8:30 h e viajar por aproximadamente 60 minutos. Estava achando tudo muito trabalhoso e ainda tinha que levar em conta o horário incerto da volta. Decidi retornar à praia de ontem, para onde poderia ir a pé, apesar de haver lugares muito mais próximos para apenas aproveitar o sol. Antes de me por a caminho, no entanto, tinha um caso a resolver que percebi ontem à noite ao voltar do supermercado. Os caixas são extremamente rápidos e armazenar as compras nas sacolas é um processo lento. Enquanto estava guardando os itens deixei cair a carteira, atrasando um pouco mais o empacotamento e atrapalhando o cliente seguinte, que já estava pagando por seus poucos produtos. A preocupação era com o cartão-chave do hotel e só fui reparar na falta da nota dobrada de € 50,00 quando separava as compras no quarto. Antes de iniciar a caminhada resolvi voltar ao mercado e testar a veracidade dos fatos tal qual havia suposto. Falei com uma atendente, que chamou o gerente. Como tudo acontecia em grego não pude compreender o que ocorria mas parecia que ele tratava de vários assuntos ao mesmo tempo. Após vários minutos pediu para eu escrever meu nome num pedaço de papel e perguntou de onde eu era. Enquando aguardava fiquei olhando discretamente em volta, especialmente embaixo dos balcões e nas frestas, para tentar enxergar alguma coisa. Muita conversa transcorreu entre eles e várias idas e vindas ao escritório e ao interior da loja me fizeram prever um desfecho favorável. No final da história ele apareceu com uma nota com as marcas de dobra tal qual a que eu guardava junto com os cartões. Perguntei se era a mesma e ele me mostrou um formulário preenchido ontem com o número de série do bilhete. Havia imaginado anteriormente que ele estava pensando em encarar o prejuízo apenas para satisfazer um cliente. Porém a organização da empresa mostrou até onde vai o respeito e confiança em alguns lugares. € 50,00 não é nenhuma fortuna e já havia inclusive listado como perda na minha contabilidade mas, no íntimo, imaginava que reveria o dinheiro, conhecendo um pouco a mentalidade dos povos evoluídos. De qualquer modo foi uma experiência engrandecedora. Ao sair da loja tive que procurar um banco na sombra para registrar o episódio imediatamente. Pretendia completar os sete quilômetros até a praia pelo mesmo caminho interno pelo qual voltei ontem, sem fazer o contorno mais longo do litoral. Perto das 11:00 h estava preparando o local para passar algumas horas sem fazer nada. O vento constante foi um complemento eficiente para o sol forte, contudo não pude deixar de passar a tarde monitorando o avanço das nuvens sobre a outra margem do Golfo de Corinto. Por ora elas estavam contidas e não chegavam a ameaçar mas a previsão para domingo é de pancada forte. Como deixei a praia meia hora mais cedo resolvi percorrer o máximo possível de avenidas à beira do mar. A primeira metade do trajeto não permite essa experiência, a menos que estivesse disposto a andar pela areia. Do meio para a frente pude usar as vias da orla marítima de Patras. Levei duas horas para completar o percurso e às 18:00 h encontrei o quarto desatravancado e com bastante espaço ao lado da cama.