Com tudo pronto desde a noite anterior, deixei o hotel às 9:00 h sem me despedir da proprietária, não muito prestativa. Acho que ela estava atarefada na sala do café da manhã. O céu continuava aberto com o vento forte, mantendo as condições recentes, e o casaco aguardava chamado na mochilona por falta de espaço. Acho que já prestou seus serviços na Europa, uma vez que Paris continuava preocupada com a onda de calor. Ao que tudo indicava, deveria estender seus serviços, no entanto, à chegada em São Paulo. Em 30 min a passo lento atingi o modesto terminal ferroviário que, aparentemente, não via muito movimento. A partida para Paris seria ao meio-dia num TGV de dois andares, o tipo de composição que se junta em Rennes ao proveniente de Brest, formando um comboio. Deveria, portanto, aguardar duas horas e meia na simpática, porém desconfortável área de espera, com bancos de madeira, uma cadeira de metal e muitas tomadas. Optei pela cadeira que, apesar do encosto muito inclinado, ficava no sol. Já havia um trem compatível parado na plataforma, porém o embarque só ocorreria nos minutos antecedentes à saída. A recepção de trens de longa distância eram sempre um tumulto. Tinha mais gente para dar boas-vindas do que viajante chegando. Agora que terminaram as viagens ferroviárias poderia averiguar com mais precisão a economia de ter adquirido por € 49,00 o passe de idoso, válido por um ano. Os descontos que obtive somaram € 81,00 de modo que deixei de gastar € 32,00. Não foi muito porém pude investir num pequeno aumento da biblioteca. Ainda teria a possibilidade de aproveitar oito ou nove meses de reduções, todavia não me imaginava retornando ao Velho Continente num período tão curto e invernal. Por outro lado, poderia ter diminuído bastante a conta se me restringisse aos trens regionais de segunda classe e me contentasse com lugares cheios. Numa curva mais acentuada a garrafa de água rolou longe e eu, no afã de recuperá-la, rolei junto. Por sorte, o vagão estava bem vazio e acho que ninguém se deu conta. Um aviso alertou que o carro 14, o do bar, vendia passagens de metrô. Teria que usar pelo menos dois trechos de bonde, para chegar no hotel e sair para o aeroporto. Considerei melhor, contudo, não antecipar os problemas e mantive os trocados no bolso até a necessidade final. Na minha ansiedade de praxe, repensando as vantagens e contraindicações, decidi afodamente me deslocar até o bar e resolver de vez. Comprei três para evitar o deslocamento a pé até o ponto do bonde. Não sei se fiz bobagem, mas foi mais caro do que nas bilheterias. Pelo menos paguei com cartão, o que não dava para sentir tanto, e iria economizar um pouco de suor. O hotel é o mesmo que o das noites iniciais na França e, se fosse como da vez anterior, teria que pagar com dinheiro. Novamente não houve conferência de passagens. Durou 20 min a caminhada desde a plataforma abarrotada de gente do terminal ferroviário e através de túneis infindáveis no subterrâneo parisiense para entrar no metrô. Após 6 paradas voltei para o nivel da rua para validar o segundo bilhete no bonde que levou outros 20 min para chegar no hotel conhecido. Estava desconfiado e pude confirmar que da primeira vez houve algum tipo de erro de operação da máquina de cartões. Desta vez pude pagar normalmente com o VTM. As duas horas desde a entrada na cidade até o registro na hospedagem foram bem mais do que eu imaginava.