05/ago/18Calendário 07/ago/18


Kalamata / Navarino - seg 06/ago/18 * 27,16 km * (60 fotos)Mais fotos:ÁlbumSlide showVídeos

Litoral - NavarinoQue preguiça de levantar as seis e meia para chegar na rodoviária em tempo de pegar o ônibus das 8:00h! O sol ainda estava totalmente escondido atrás do Monte Taygetos e o ar era muito gelado. Mesmo assim algumas cabeças corajosas despontavam nas águas da baía em animada conversa ininteligível. Alguns dias atrás notei no painel eletrônico do terminal rodoviário a indicação do balneário de Romano, um pouco depois de Pylos, onde poderia avaliar a dita beleza das praias da região de Navarino. O nome faz lembrar Os Canhões de Navarone, apesar de o filme ser passado na Segunda Guerra. Ainda não entendi porque a diferença de denominações. Nessa baía houve em 1827 uma batalha decisiva para a independência grega cinco anos mais tarde. Apoiados por russos, franceses e ingleses os locais destruíram a frotCastelo - Navarinoa turca do egípcio Ibrahim Paxá. Deu para chegar com meia hora de antecedência e aguardar com calma pelo transporte. Aparentemente não era apenas eu o preguiçoso. O veículo com wifi a bordo partiu com todas as cortinas, menos a minha, fechadas e os poucos passageiros, cochilando. Tive grande dificuldade em manter as pálpebras abertas durante a travessia cadenciada pelas curvas fechadas da serra. Não era bem o que eu tinha em mente. A condução me deixou no meio de um mega resort de luxo e eu fiquei totalmente perdido. Consegui confirmar mais ou menos que uma das ligações de volta para Kalamata partiria às 16:00 h e comecei a tentar encontrar um modo de sair daquele lugar. Segui direto para a praia, no final da qual, segundo o mapa eletrônico, existiam trilhas para as demais praias e atrações seguiPraia Voidokilia - Navarinontes. Para completar o quilômetro até solo mais compacto achei que a maneira menos cansativa seria tirar o chinelo para caminhar pela areia molhada da beira da água. No início dos penhascos baixos encontrei alguns caminhos de terra que acompanhavam o litoral e por eles passei pela praia de Romano e cheguei na bela Voidokilia (leia vedoquiliá), um arco desenhado como por compasso, com uma pequena entrada delimitada por dois grandes penhascos. No alto do maior deles foi construído o Castelo de Navarino e uma abertura na rocha na metade da altura do morro é conhecida como a Gruta de Nestor conforme descrito por Homero em um de seus clássicos. Subi na outra elevação para apreciar de cima tanto a praia famosa com seu pano de fundo adornado por dunas como uma pequena enseada forrada de pedra voltada paCastelo - Navarinora o mar aberto, a praia de Glossa. De quebra entrei numa zona de ruínas de uma tumba micênica do século XV a.C. Na descida tentei continuar pelas trilhas que contornam a grande Lagoa Gialova (leia iálova) pelo lado da Baía de Navarino. Uma das possibilidades era subir até o Castelo, mas isso pareceu missão para outra oportunidade e a que atraiu mais parecia seguir uma rota mais plana. No entanto, para iniciar qualquer uma delas teria que andar pelas dunas até a outra extremidade. Caminhar de chinelo pela areia fofa é tarefa complicada. Além dos passos não avançarem a sola do calçado espalha grãos para todo lado e eles têm predileção de grudar no creme protetor solar. Como não sabia até quando teria que enfrentar aquele tipo de terreno resolvi retornar para a estrada de terra batida de onde partiPraia Voidokilia - Navarinoam novas trilhas contornando o lago, desse vez pelo lado afastado da costa. Fazia tempo que o aplicativo não me enganava e hoje foi o dia escolhido. O início da caminhada foi tranquilo mas, à medida que andava mais para o interior, a trilha começou a apresentar tendência de desaparecer. Sabia muito bem onde estava e não havia a menor chance de eu me perder. No entanto era impossível saber o que encontraria após alguns passos. Sem poder me guiar por uma rota marcada tinha a opção de acompanhar meu progresso pelo GPS, que me assegurava estar andando para o lado correto. Após alguns quilômetros surgiu a oportunidade de voltar para o asfalto e eu percebi como estava sentindo falta do trânsito e do barulho. Por alguma razão cismei que havia um ônibus de volta às 14:00 h e, mesmo tendo apenas trinta miIgreja de São Nicolau - Kalamatanutos, decidi entrar num desvio para ver a baía de Navarino de perto. Acho que teria aproveitado mais o passeio se tivesse descido no ponto do balneário de Gialova em vez de ir até o fim da linha no hotel horrível de Romano. Como o desvio levava para longas praias ao longo da baía para o lado oposto ao que teria que pegar a condução retomei a rodovia e entrei no simpático povoado à beira da enorme baía. Consultando a tabela de horários verifiquei que não havia a alternativa que estava imaginando e tive que aguardar duas horas. Só relaxei depois de estar sentado dentro do ônibus a caminho de casa. Dei várias cabeçadas durante a hora e meia de viagem em que não consegui me concentrar em escrever o diário. As curvas acentuadas estavam me deixando mareado e tive que abandonar as tarefas no celular.