Tinha mais ou menos esquematizado a sequência do dia e saí do hotel, sob sol e vento frio, às 9:00 h. O destino inicial era uma das quatro principais estações da cidade. Queria verificar a possibilidade de fazer um bate e volta para a antiga capital da Hungria. O terminal Budapeste Déli, o mesmo pelo qual voltei do período no Lago Balaton, dava impressão de estar passando por reforma, cheio de tapumes e muito escuro. Estava consultando alternativas numa máquina quando uma pane geral atingiu todas elas e interrompeu minhas pesquisas. Restavam as bilheteiras humanas para pegar informações, porém apenas o balcão internacional era dotado de atendentes com quem podia falar em inglês. Além disso, nem sabia o que queria perguntar. Tinha várias opções para seguir para a cidade que me interessava, mas fiquei receoso com todas as incertezas. Resolvi continuar na capital, onde não encontrava tantos percalços. O desconhecimento da língua causava uma angústia enorme. Não dava nem para saber se as palavras eram nomes de localidades ou indicavam algum perigo. Segui para o terminal principal, de onde deviam sair meus próximos trajetos. No caminho passei por um centro esportivo, ao lado do qual ficava um parque tranquilo, com vários ninhos e comedouros para aves, assim como um painel com as identificações ornitológicas. Tudo na língua local, obviamente. Pouco adiante ficava a Praça da Filosofia, com inusitadas vistas do lado mais escondido da Colina e figuras dos principais filósofos formando um círculo. O morro seguinte incluía uma longa série de escadas para chegar no topo da Cidadela. Estava fechada por tempo indeterminado para reforma geral. Vinha vendo os andaimes cobrindo o cume por vários dias, de modo que a interdição do local não foi total surpresa. As vistas do lado de Peste, contudo, eram sensacionais. Tentei outras dentre as várias rotas de subida e encontrei a principal, que levava exatamente à frente do monumento e apresentava outro lado desconhecido de Budapeste se estendendo até o horizonte em todas as direções. Na descida passei por uma bela construção de começo de século e, achando que era um hotel, resolvi conhecer o lobby. Realmente era um grande salão, mas no lugar de recepção havia vários balcões para compra de ingressos. Era mais uma das famosas termas de Budapeste. Peguei a marginal do Rio Danúbio e andei duas pontes em sentido contrário ao cenrro. Do outro lado do rio ficava o Centro Atlético Nacional fechado, mas que parecia estar prestes a ser inaugurado. Iniciei o longo caminho de retorno acompanhando a marginal do lado de Peste. Após passar por baixo de cinco pontes e me aproximar do edifício do Parlamento, os primeiros pingos começaram a cair e rapidamente se transformaram em garoa forte. Consegui entrar no Centro de Visitantes em tempo de evitar o pior da chuva. Minha paciência para suportar o local barulhento e lotado se esgotou em vinte minutos, mesmo tempo para passagem da nuvem mais pesada. Ainda peguei alguns poucos pingos, que logo cessaram. A visita ao terminal ferroviário principal ficou para amanhã. Talvez.