Com a grande dificuldade para transmitir os arquivos ontem à noite fui obrigado a permanecer acordado até três horas da madrugada. Mesmo acordando às 8:00 h o cansaço e o acúmulo de sono me fizeram continuar de olhos fechados por mais uma hora. A primeira providência ao sair às 9:30 h foi seguir até a estação ferroviária para confirmar a inviabilidade de viagem de trem para a próxima base. Realmente, era necessário fazer diversas trocas e levava a vida inteira para chegar. Atravessei a rua para verificar as possibilidades rodoviárias no terminal vizinho e observei que a ligação era a que já havia encontrado na Internet, aparecendo como a melhor alternativa. Como estava muito tarde para iniciar algum passeio para fora da cidade comecei a caminhar em direção ao litoral por algumas vias internas. Apesar de o caminho não ser nem um pouco atraente ele oferecia uma perspectiva bastante diferente daquela obtida no primeiro dia na região de cortiços empilhados da cidade velha. Uma grande e movimentada avenida em fase de remodelagem seguia paralela aos armazéns do porto e permitia a visão do Castelo de Sant Elmo no topo do morro, perto do centro. Passei pela obra eterna do metrô na frente do Castelo Novo, em frente ao terminal marítimo. Existem muitas linhas que fazem a ligação de barco entre Nápoles, as cidades costeiras vizinhas e algumas ilhas. A travessia para a ilha de Ischia havia me interessado quando analisava possibilidades na internet e aproveitei para passar nas bilheterias e pegar um folheto com os horários. O serviço é bastante frequente mas fiquei meio desanimado quando vi as filas gigantescas para abordagem. É incrível como os italianos não conseguem organizar esses embarques. Sempre tem um bando gritando contra alguns que furaram a fila. E sempre têm alguns que furam a fila na maior cara de pau, com um bom motivo ou desculpa na ponta da língua. Continuando pela orla passei para a parte mais nova e atraente da cidade. Surgiu inicialmente uma marina nos fundos do Palácio Real. Em seguida, após passar por uma ilhota onde ficava o Castelo do Ovo, um extenso trecho de rochas de proteção ao longo da avenida na lateral do Parque Villa Comunale servia de praia artificial para centenas de banhistas menos preocupados com a qualidade ou transparência da água. Teve início então a subida do penhasco totalmente ocupado por construções que desciam até o mar. Foi um trecho meio chato porque não era possível avistar o oceano por causa dos altos muros que protegiam algumas villas. A surpresa ficou por conta do Parque Virgiliano, de cuja existência só soube devido às placas indicativas. Não havia preparado direito essa parte do roteiro e minha intenção era continuar até uma ilha próxima do litoral, ao qual era ligada por uma rua construída sobre um dique de pedra. O parque oferecia vistas maravilhosas da região preservada numa reserva natural e de seus mirantes eu podia ver o destino que imaginava atingir, além de diversas ilhas a pouca distância do continente. Como estava no alto e enxergava o objetivo pretendido considerei que não seria necessário descer e atravessar a ligação com o rochedo no meio da água. Já eram 14:00 h e resolvi iniciar a caminhada de volta tentando, no entanto, não retornar ao nível do mar. A rua que peguei ficava na crista das colinas que servem de fundo para a cidade e não apresentava diferenças sensíveis de altitude, definindo um trajeto praticamente plano 200 metros acima do mar. Na metade do percurso chegou a hora de descer a montanha por vias serpenteantes com diversos mirantes oferecendo paisagens grandiosas do litoral, da malha urbana e das altas montanhas que a cercam, inclusive o Monte Vesúvio, enevoado no começo do dia e bem visível no regresso do meio da tarde. No final do passeio passei pelos monumentos aristocráticos da Praça Plebiscito, cercada pelo Palácio Real e o Teatro San Carlo, a Prefeitura e a Basílica São Francisco de Paola. Encontrei, com a ajuda do mapa eletrônico, um ótimo supermercado, que não ficava muito próximo do hotel porém tinha uma grande variedade de produtos.