Com a ansiedade por não perder o horário acordei diversas vezes durante a madrugada e levantei definitivamente às 5:30 h. O passeio do dia já estava reservado desde São Paulo e começaria na cidade de Salerno a 40 minutos de trem de Nápoles. Para chegar lá poderia pegar a conexão das 7:13 h, porém achei mais seguro usar a anterior, das 6:22 h. Queria estar no porto antes das 8:00 h para trocar a reserva pelas passagens de barco para a Costa Amalfitana e decidi que aparecer no escritório da companhia de navegação mais cedo seria inteligente. Depois de sair do quarto às 6:00 h e percorrer os cinco minutos até a estação comecei a ter dúvidas. Os painéis falavam em ônibus substitutivo por causa de trabalhos na linha. Como tinha algum tempo antes de decidir fui até a bilheteria humana para ver se encontrava alguma informação confiável. A vendedora assegurou que o trem me deixaria no destino almejado. A partida anunciada mudou para as 6:50 h e eu continuava inseguro. Voltei ao balcão e inquiri outro funcionário, que me deu a mesma resposta. Aparentemente o ônibus auxiliar valia para as paradas anteriores a minha. Entrei num vagão gelado e se fosse necessário escolher entre este e a sauna de ontem, não hesitaria em optar pelo quentinho. Quinze minutos antes da partida passou um bilheteiro pela minha poltrona e eu tornei a pedir confirmação. Com tanta gente me assegurando que estava no lugar certo acho que até poderia voltar a dormir, se não continuasse tão apreensivo. Um grande e barulhento grupo uniformizado de mochileiros ocupou quase todas as poltronas do vagão, inclusive as do meu conjunto de quatro. Mais de uma hora antes do embarque marítimo cheguei na estação central de Salerno. Uma rápida caminhada de cinco minutos me levou até o terminal das barcas onde também ficavam as bilheterias. Logo foi aberto o guichê e pude receber as três passagens. Com a primeira navegaria por 1:10 h até Positano, a parada mais distante no meu roteiro. Já havia visitado estas cidades balneárias em viagens anteriores mas sempre fui de ônibus, uma vez partindo de Sorrento e outra quando passei alguns dias hospedado em Salerno. Seria a primeira vez que percorreria o caminho todo de barco. Como fui um dos primeiros a chegar também fui dos admitidos a bordo mais cedo. Pude subir rapidamente para a área aberta e escolhi um assento do lado que permitiria apreciar o continente. A Costa Amalfitana tem a forma de uma península e conta com diversas cidades famosas. Sorrento e Salerno delimitam o trecho mais turístico, e eu pretendia visitar duas das cinco localidades mais conhecidas. A partida para Positano estava marcada para as 8:40 h e o barco saiu cheio. Pude admirar os belos penhascos entrando no mar e as várias cidadezinhas espalhadas pelas encostas numa navegação muito agradável. Quando desci no porto resolvi que não estava interessado em visitar o centro e apenas segui por uma calçada no penhasco para uma praia forrada de pedras que pude identificar enquanto o capitão se aproximava. Quando cheguei ainda havia pouca gente, ao contrário da central, que estava lotada. Passei três horas sob o fortíssimo sol que, por alguns momentos, considerei quase insuportável. Achei até que fosse começar a me sentir mal, porém alguns goles de água logo resolveram o problema. Se tive dificuldade em sair das praias de areia de Lisboa e Roma no final da tarde, com muito mais razão considerei um desperdício sair tão cedo da de Positano. A única coisa que me convençeu foi o horário de partida da embarcacão seguinte, que seguiria para Amalfi. Muito antes da fama turística essa cidade rivalizava com Pisa, Gênova e Veneza pela supremacia marítima e comercial da Itália, por volta da época em que Marco Polo empreendia suas aventuras pelo Oriente. A viagem foi mais curta, de somente 25 minutos e eu também sentei na coberta ensolarada. Ao chegar às 14:00 h já estava decidido a não entrar no centro conhecido de outras oportunidades e apenas caminhei para um lado e para o outro pelo calçadão e por um longo quebra-mar. A praia, aos moldes da anterior, já estava cheia demais e eu acabei me contentando em passar o tempo sobre uns rochedos do embarcadouro com vista para a faixa de areia do centro. O terceiro trecho também estava lotado porém, mais uma vez, eu fui ligeiro e peguei uma cadeira na ponta que seria das janelas, se a nave tivesse essas aberturas no andar selecionado. O detalhe foi que dessa vez fiquei do lado do mar aberto. Como já havia apreciado a costa por bastante tempo não me importei muito. Depois de 55 minutos a lancha entrou no porto de Salerno e eu voltei para a estação para pegar outro trem regional partindo às 19:05 h. Acho que já reclamei da falta de bons supermercados nas proximidades dos hotéis italianos em que estive no passado. Em Nápoles é a mesma coisa. Ontem entrei em um que me obrigou a colocar a mochila dentro que uma sacola enorme que foi travada pelo segurança e só podia ser aberta pelos caixas. Uma volta breve mostrou que não havia nada do meu agrado e saí de mãos vazias tendo que me contentar com uma mercearia vagabunda que mal atendia a uma emergência. Hoje resolvi andar um pouco mais para visitar um de estilo tradicional encontrado pelo mapa eletrônico, apesar de ter chegado depois das 20:00 h. Já que ia entrar tarde no quarto, um pouco mais não ia atrapalhar.