Com os dois dias reservados para a volta para a casa, só restava aguardar os horários determinados. Saí do quarto às 10:00 h para caminhar os cinco quilômetros até a estação de trem. O seguinte sairia em meia hora e cheguei no aeroporto ao meio-dia, onde uma bandinha aguardava o retorno dos atletas paralímpicos. Não pretendia despachar a bagagem com 9 + 3 kg, e as seis horas até a partida para Lisboa seriam tediosas. Depois de ver pelos monitores que o voo sofreria atraso de quinze minutos, recebi uma mensagem da TAP lamentando informar que a saída seria às 20:20 h, vinte e cinco minutos após o prazo original. De qualquer forma, chegaria em Lisboa depois de escurecer e teria que esperar mais de doze horas para o voo final. Mais uma vez, o avião estava no pátio e foi necessário pegar o ônibus. E, para não variar, o Airbus A321-neo, padrão das ligações de média distância da TAP, estava lotado. Lotado pelo menos até a minha fileira. Quando olhei para trás, as cinco últimas estavam vazias. A aeromoça estava espantada com a quantidade de pequenos besouros que cobriam toda a parte externa da fuselagem. Não deu tempo de registrar a presença no exterior, porém, depois de estar sentado na minha janela, observei um deles caminhando tranquilamente pela parede interma até se esconder na parte de trás do painel plástico de forração perto da luminária. Achei que eles fossem mandar todo mundo sair para desinfetar a aeronave, mas ficou por isso mesmo. Quinze minutos após o embarque e de todos estarem acomodados, o piloto ainda esperou outro tanto para avisar que, por motivo de tráfego aéreo entre Barcelona e Madri, teria que aguardar mais dez minutos. O atraso total foi de quase uma hora e alguns poucos passageiros começaram a ocupar as fileiras vazias do fundo. O meu vizinho pulou para o corredor. Foi divertido ouvir os gritos espantados da aeromoça no fundo da cabine. Imagino que fosse por razão de alguns insetos clandestinos. O voo levaria três horas e meia e estava contente por passar a noite no aeroporto lusitano, sem ter que sair para a cidade. O pouso das 23:00 h foi bem chacoalhado, com temperatura de 18°C. E mais um passeio de ônibus pelo estacionamento. Li recentemente a.manchete de uma pesquisa considerando o aeroporto de Lisboa o segundo pior da Europa. Não falava qual era o primeiro, mas Viena não devia ficar muito atrás. No segundo andar do saguão central, a região circular onde ficavam as duas áreas VIP tinha algumas espreguiçadeiras mais confortáveis, contudo era preciso muito sorte para encontrar alguma disponível. Optei por me aconchegar num canto mais abrigado para dormir estendido no chão até a abertura da sala às 5:00 h para aproveitar o ótimo café da manhã gratuito para o meu nível de passagem.