02/jun/23

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04/jun/23

Acho que estou me adaptando lentamente ao novo fuso horário. Acordei às 8:30 h e deu para levantar meia hora depois. Já desisti das viagens de um dia a cidades próximas, como havia planejado de início. Ontem estive na estação consultando os trens e as localidades que estavam no meu radar não ofereciam ligações muito convenientes. Além de trechos um pouco longos, de mais de duas horas, havia que considerar o clima, que ainda não me convenceu, com as previsões indicando chuvas que, por enquanto, não se concretizaram. O problema imediato a ser resolvido hoje dizia respeito à nova hospedagem, reservada para amanhã. Recebi uma mensagem avisando que o cartão não havia sido autorizado e pretendia passar pessoalmente na recepção para tentar solucionar o enrosco. Além disto, não há recepcionistas no domingo e não saberia como proceder com o registro. Pelo que li nos e-mails, parece que existe uma forma eletrônica de pré-check-in que desejo realizar apenas se for realmente imprescindível. Às 9:45 h, quando saí à rua, as sombras ainda prevaleciam e o ar estava um pouco frio, porém o céu aberto prometia uma manhã agradável. Aproveitei para experimentar a rede do lado de fora do prédio, mas o sinal já havia desaparecido. A alternativa de comunicação em que havia pensado para emergência, acabava de se inviabilizar. Enquanto me deslocava para o novo hotel, usava o celular para procurar redes abertas. Fui atraído para dentro de uma pequena igreja e brindado com o ensaio de um trio barroco maravilhoso. Tive que me esforçar para voltar às ruas. Também passei pelo Campo de Flores, praça em que foi queimado o alquimista e astrólogo Giordano Bruno na Idade Média, pelo Palácio della Cancelleria, prédio com bandeira da Santa Sé na porta e exposição sobre o inventor Leonardo da Vinci em uma das salas que se abrem para o pátio central do Palazzo e pelo Palácio Farnesi, que abriga a Embaixada da França. Cheguei no endereço às 11:30 h e fui atendido pela Maria, que fez muita confusão mas acabou encontrando a minha reserva. Marquei o horário de chegada amanhã pela manhã, mas fiquei de voltar hoje após as 14:00 h para falar com a Antonella, que parece ser quem manda. Para gastar o tempo, voltei para a estação de trem onde havia encontrado algumas redes abertas. Meia hora mais tarde saí para visitar as imediações e fui parar na Praça da Porta Maggiore, atualmente um entroncamento importante de transporte público, mas que na época romana era umas das entradas ao recinto murado. Voltei ao albergue e pude acertar as contas com o cartão VTM. O problema da falta de autorização foi porque a digitação da senha só pode ser presencial. Atravessei os trilhos novamente para rever a Basílica de São João de Latrão. Como não estava encontrando a entrada, dei toda a volta e me deparei com a forma octogonal do Batistério. Estava tendo início uma cerimônia e as primeiras palavras do padre me informaram que São João de Latrão é, além da Catedral de Roma, a primeira igreja cristã. Na saída estava quase pronto para ir embora, quando resolvi retornar para a porta que havia visto antes e tentar o ingresso. O motivo inicial do desencontro foi um cartaz que direcionava os interessados para um pórtico lateral inexistente. Uma porta ao lado do altar dava acesso ao claustro, com um belo jardim no centro e corredores armazenando uma série de restos de épocas passadas. A nave principal é guardada por nichos contendo esculturas em mármore dos doze apóstolos em tamanho impressionante. A Porta Santa no átrio foi aberta pela última vez pelo papa João Paulo II no jubileu do ano 2.000. Fiquei confuso por não ver a passagem interna da porta e a informação curiosa que obtive com o segurança que guardava a entrada foi que, atrás da Porta Santa há um espaço e então uma parede de alvenaria, derrubada um mês antes da abertura da Porta, que acontecerá em 2.025. A igreja foi recuperada pelo papa Clemente XII que preparava as comemorações do Ano Santo de 1.650 e a tarefa foi atribuída a Borromini, já que Bernini estava ocupado com as reformas em São Pedro. As duas igrejas seriam pontos da procissão programada. Atravessando a rua fica um local de peregrinação que não conhecia. O santuário da Escada Santa foi criado pelos papas do período renascentista para abrigar as escadas que teriam sido transportadas do Palácio de Poncio Pilatos pela mãe do Imperador Constantino nos anos 320. A tradição manda que os devotos subam de joelhos os 28 degraus até o topo, onde se encontra o Santo dos Santos, a capela particular utilizada pelo pontificado, que retomou a ideia judaica do local impenetrável do Templo de Jerusalém. Mas tinha leigo lá dentro. Talvez os escolhidos. A área de Latrão era propriedade dos primeiros papas, quando ainda não existia o complexo do Vaticano. A Basílica dedicada a São João era apenas um dos edifícios à qual se juntava o Palácio Papal e construções de suporte. Ao sair às 17:00 h estava me dando por satisfeito pelas visitas do dia e voltei para casa rapidamente para não ser tentado por outros desvios. Também já era o horário mais frio da tarde, e que esfria mais na minha caverna.