A canseira da internet ontem à noite foi longe. Depois de desistir da transmissão acordei várias vezes durante a madrugada para fazer novas tentativas, sempre infrutíferas. Algumas vezes conseguia transmitir apenas uma imagem mas o normal era não ter avanço nenhum. Pela manhã experimentei uma última vez antes de sair às 7:30 h e os resultados foram melhores. Apesar da demora consegui completar o serviço do dia anterior. Quando descia fui chamado pela Francisca, que queria saber se tudo estava em ordem. Não pude deixar de relatar o problema e ela reforçou a oferta que já havia feito no primeiro dia de emprestar um aparelho que poderia ajudar. Fiquei de aceitar no caso de a qualidade da rede continuar ruim quando utilizasse a conexão no final da tarde. O passeio inicial foi na própria Ilha Santa Catalina, percorrida em um pequeno trecho por uma via para pedestres. Após 400 metros ficava a escadaria que sobe para a Ponta do Forte, onde dois canhões rememoram a antiga proteção da entrada da baía. Na base do morro e voltada para alto-mar depois da descida para o outro lado fica uma curta praia mas, como ela ainda estava nas sombras, voltei pelo percurso anterior. Segui para a outra extremidade do calçadão e constatei que a ilha que me hospedava não tinha outros atrativos. Cruzei a Ponte dos Enamorados pensando em seguir até a primeira baía depois da cidade velha. No topo do morro fica um grande polvo de concreto que toma conta da descida pavimentada. Já havia algum tempo, desde que passei pela praia da cidade velha, que vinha sendo acompanhado por um casal de cães, que insistiam em me seguir. Não havia maneira de despachá-los e decidi aceitar a companhia. A pequena praia estava vazia porém uma cabana e uma espécie de bar de aperitivos davam a impressão de que tinha morador permanente. Não percebi nenhuma movimentação, no entanto. Na subida de volta os cachorros continuavam a andar comigo e eu comecei a imaginar como iria me livrar deles. Para todo lado que eu ia, eles iam atrás ou, às vezes, na frente. Se eu sentava, eles sentavam; se ameaçava seguir lá estavam eles de prontidão. Essa obsessão já estava me incomodando, mas eu não tinha mais ideia do que fazer. Retornando pela mesma estrada entrei numa rota que descia para a cidade velha e cheguei a pensar que eles haviam encontrado o caminho de casa. Que nada. Fiquei um grande tempo sentado num banco na sombra com os dois aos meus pés. Tentei sair devagarinho imaginando que eles haviam começado a dormir, contudo, foi inútil. Assim que me afastei eles recomeçaram a perseguição. Interrompi a caminhada em novo banco de mirante e, dessa vez, eles realmente pegaram no sono. Aproveitei para me desvencilhar, com um grande sentimento de culpa por tentar enganá-los. Além de algumas poucas praias, que exigem caminhadas longas para serem atingidas, não há nada para fazer na ilha. Nem lugar agradável para passar o tempo. Voltei ao centro, entrei num parquinho para sentar num banco à sombra e esperar a hora do regresso para o hotel. Às 15:00 h decidi que estava satisfeito e segui na direção do supermercado. Carregado de compras, dei de cara com a cadela, cujo companheiro parecia não estar junto. A carência continuava a mesma e ela me seguiu até a pousada, subiu a escada e ficou estirada na varanda, apenas porque eu não incentivei nenhuma aproximação. A qualidade da internet continuou ruim mas, com algum esforço, consegui preparar o diário sem recorrer ao aparelho mágico oferecido pela atenciosa Francisca.