Acordei meio tarde, às 8:00 h. No planejamento original havia definido mais praia, que envolveria aqueles longos e caros deslocamentos de trem, seguidos de caminhadas demoradas. Contudo essa programação já havia sido abandonada e a versão atualizada contemplava visitas ao centro histórico. Dessa vez não esqueci de carregar a mochila com as cargas extras de bateria, apenas me livrei das toalhas e protetor solar que respondiam pelo peso maior. O percurso a pé até a Praça de São Pedro pelo trajeto que eu escolhi sem ajuda do GPS levou um tempo maior do que o de ontem mas nunca é demais caminhar por Roma, mesmo pelas vias menos turísticas e mais movimentadas. Estava meio frustrado por não ter encarado a fila para subir a Cúpula da Basílica de São Pedro e decidi tentar novamente. A fileira de visitantes estava mais ou menos do mesmo tamanho, mas andava rápido e tinha um bom pedaço na sombra devido à proteção oferecida pela colunata na parte da manhã. Em vinte minutos já havia passado pela segurança e comprado o bilhete para subir os 500 degraus a pé. Outra modalidade era usar o elevador até o teto da Basílica e depois continuar pelas escadas, economizando uns 100 degraus. Levei 10 minutos para atingir a primeira parada intermediária, na qual foi possível visitar o corredor da Cúpula, onde estão gravadas as enormes letras que compõem o versículo da Bíblia que indica Pedro como guia espiritual. Após 10 minutos observando o interior da Igreja continuei por mais cinco minutos até o balcão de observação. Meia hora foi o tempo gasto admirando a cidade do alto e reconhecendo os lugares por onde andei ontem durante a visita aos Jardins e Museus. Desci para circular pelo interior da Basílica e apreciar as obras de arte espalhadas por todo canto. Antes de sair às 13:00 h desci para os subterrâneos onde estão enterrados alguns papas e a saída me colocou novamente no acesso para a subida da Cúpula. Nesse horário havia uma fila razoável, ao contrário de quando subi pela manhã praticamente sozinho. Iniciei um caminhada pelas vias desertas da vertente ferroviária do Gianicolo, uma colina que teve papel importante na unificação da Itália. Em 1849 um grupo de resistentes republicanos foi abatido pelos apoiadores estrangeiros do Papa, adiando por algum tempo a queda de Roma. No topo do monte ficava a bela fonte Acqua Paola, que indicava sempre o final de um aqueduto, e um Monumento em honra daqueles heróis liderados por Garibaldi. Em seguida começava a descida para o bairro boêmio de Trastevere, sossegado durante a tarde. Atravessei o Rio Tibre passando pela Ilha Tiberina com a ideia de entrar nas ruas do antigo gueto judaico. No entanto Roma é uma cidade impossível de resistir e os monumentos teimavam em me puxar para o outro lado. Depois de passar pela bela Sinagoga que atualmente abriga o Museu Hebraico dei de cara com o Pórtico de Ottavia que, através de uma passarela de observação, me levou ao Teatro de Marcello que, por sua vez, chamou minha atenção para outras três atrações romanas das imediações. O Templo de Portuno, o protetor dos portos, foi construído à beira do rio, por onde chegavam e partiam os carregamentos do Porto de Ostia. Ao lado ficavam o Templo de Hércules Vencedor e o Arco de Janu. Consegui voltar para o caminho pretendido e atingi o Campo dei Fiori, local das antigas execuções e de um movimentado mercado pelas manhãs. Dali segui por uma quadra até outra importante praça que reciclou duas enormes banheiras de pedra das Termas de Diocleciano, utilizando-as como fonte. Do lado oposto podia-se observar a fachada grandiosa do Palácio Farnese, sede atual da Embaixada da França. Outro quarteirão levava ao Palácio Spada que, além da galeria de quadros, apresentava como curiosidade a Perspectiva de Borromini, pintura que cria a sensação de profundidade através de pontos de fuga, dando impressão de uma extensão de corredor que não existe. Não cheguei a entrar no museu, porém o desenho podia ser visto gratuitamente através de um vidro sujo que ficava no pátio interno da construção. A sequência de atrações não terminava e ainda fui para a Praça Navona, a Igreja São Luís dos Franceses, com seus Caravaggio representando momentos da vida e martírio de São Mateus, o maravilhoso Panteão e a Piazza della Minerva, em que Bernini colocou um obelisco egípcio nas costas de um elefante. Poderia continuar o périplo por várias horas ainda mas considerei a visita a Roma encerrada temporariamente. Havia deixado para definir minha pousada do final da viagem depois de confirmar as condições do Hotel Lazzari. Como foram satisfatórias fiz a reserva das duas últimas noites diretamente com o recepcionista Carlo ontem ao voltar dos Jardins do Vaticano.