Levantei às 8:00 h para me preparar para a nova mudança de base e, ao olhar pela janela, me deparei com calçadas molhadas. A garoa já havia passado, porém o céu continuava nublado e cinzento. A notícia animadora era que a previsão estimava melhora sensível a partir de segunda-feira. Como ela não falhou até agora na sua visão pessimista, talvez desse para crer em mudança significativa. Saí do quarto às 9:20 h, com bastante antecedência para pegar o trem das 11:00 h para Tours (Leia tur). Como teria que esperar mais de uma hora pelo transporte, resolvi passar na bilheteria para perguntar se poderia pegar o trem anterior, das 10:17 h. A resposta foi positiva. Comprei o das 11:00 h porque o horário de chegada, depois de 40 minutos de viagem, seria mais próximo da disponibilização do quarto. Mas esperar numa ponta ou noutra daria no mesmo. Quem sabe poderia ocupar o alojamento mais cedo. Outro motivo era que o trem original, com origem em Paris, teria, na minha avaliação, mais probabilidade de estar cheio. Na realidade foi este regional, partindo de Orléans, que estava lotado. Depois de andar de uma extremidade a outra, tive que solicitar a mudança da mochila do meu vizinho para o bagageiro superior. Muita gente preferiu ficar de pé nos corredores e entre vagões. Acho que estava faltando perfume em algum ponto do carro e esperava que não fosse o meu. O trem entrou no terminal às 11:00 h e fui direto para o hotel, que ficava a apenas 500 metros. As duas razões para ter antecipado o trajeto mostraram ter sido desnecessárias e infrutíferas. Não viajei num trem vazio e tive que aguardar até o meio-dia para fazer o registro numa recepção estranha, que atendia tanto a acomodação quanto servia de entrada para o bar e restaurante. Cheguei a sentar para esperar por uma hora, mas decidi mudar de ideia. Larguei a mochilona no quarto de bagagem e voltei à estação ferroviária para verificar formas de transporte pela região. A rodoviária ficava logo na frente e talvez alguns deslocamentos fossem mais convenientes por ônibus. Pelo que observei, os preços são bem menores para o mesmo trajeto. Na hora determinada abordei o recepcionista e recebi o cartão-chave. Após me instalar, percebi uma diferença significativa entre o que paguei e o valor acertado na reserva. Desci para perguntar o motivo e fui informado de que teria que reclamar com a direção na segunda-feira, porque o chefe não trabalhava nos fins de semana. Comecei o passeio de reconhecimento do centro às 14:00 h. Na frente da estação ferroviária ficava o escritório de turismo, onde entrei para perguntar sobre transporte público para um castelo famoso por seus jardins. Ficava a 20 quilômetros do centro e eu não estava certo de conseguir completar ida e volta. Porém andar a pé é mais simples do que depender de condução. A informação que recebi do atendente era de que teria que pegar um bonde e então o ônibus direto. O problema é que tinha que reservar a volta por telefone ou internet. Não fiquei muito satisfeito, mas serviu de referência inicial. A primeira parada no centro histórico foi o Museu de Belas Artes, que ocupava o antigo Palácio do Arcebispo. O centro do jardim fronteiriço era tomado por um imenso cedro do Líbano, com seus galhos mais baixos apoiados sobre troncos para alívio. Do outro lado ficava a estrebaria com um elefante empalhado em exposição. Fritz devia ser uma espécie de mascote da cidade e foi morto por ordem das autoridades quando estava sendo levado da última performance do circo para o terminal de trens. No caminho ele se assustou com algo e disparou sobre a multidão, rompendo as correntes que limitavam seus movimentos. Já no início do séc. XIX as pessoas estavam preocupadas com os maltratos sofridos pelos animais de apresentação. Em seguida entrei na vizinha Catedral para admirar os belíssimos vitrais dos séc. XIII e XIV. Para encerrar a visita do templo, adquiri o ingresso para o Claustro, minha parte favorita. Comprei com desconto porque ele estava em reforma. Em compensação, fui brindado com o ensaio de um belo coro de canto gregoriano. Tive uma sensação estranha ao observar o trabalho de restauração da fachada da igreja. As pedras novas pareciam brancas demais para uma construção de tantos séculos. Na sequência da visita segui em direção ao Rio Loire. Sim, ele também passava por Tours. Havia um ponte pensil para a travessia, mas eu fiquei do lado em que estava. Na esquina ficava o pequeno Castelo da cidade. Eram apenas as duas torres que restaram da fortaleza medieval, que desde o século XVIII estavam unidadas por uma construção moderna. Os governantes medievais optaram por morar em castelos maiores e mais confortáveis e o de Tours ficou abandonado. Atualmente abriga exposições. Um pequeno museu ali perto, chamado de Ateliê de História, mantinha uma exibição com apenas uma sala abarcando todo o passado da cidade através de objetos escavados e mapas. Segui para o centro histórico, não para visitar, mas para tentar encontrar um supermercado, que parece não existir perto do hotel, onde cheguei depois das compras às 18:00 h.