31/mai/23

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02/jun/23

Como decidi caminhar para o hotel ontem ao final da tarde, cheguei apenas às 19:45 h, na dúvida de como iria entrar em contato com o proprietário. O trajeto indicado pelo aplicativo de mapas me levou pelas estreitas ruas do bairro medieval da cidade, as mais turísticas. O acúmulo de grupos passeando sem destino era irritante para uma pessoa atrasada, apressada e estressada como eu, e quase não percebi os atrativos maravilhosos do entorno. Esquina das Quatro Fontes, Palazzo Barberini, obeliscos, igrejas barrocas, nada me chamava muito a atenção. Inúmeros restaurantes, bares e sorveterias tinham longas filas atravancando as esburacadas vielas. Em várias oportunidades enfiei um dos pés em buracos no calçamento causados por pedras desprendidas. Claro que não encontrei nenhuma rede aberta pelo percurso. Além disso, fazia bastante frio, o que nunca Imaginei que pudesse acontecer em Rorma, uma cidade de temperaturas tão elevadas. Após parar na frente da porta procurando alguma indicação ouvi meu nome sendo chamado de trás. Era o Umberto que me aguardava. Me apresentou as acomodações pequenas, porém simpáticas. Em análise nesta manhã, parece que tem um ar de caverna, com apenas uma janela que abre para um pátio interior minúsculo, cercado por paredes de três ou quatro andares, e que não tem cara de ser usado por ninguém, apesar da mesa com guarda-sol. O sol também só deve dar as caras quando está extremamente a pino. Um pequeno arco de tijolos antigos dá um toque especial à entrada para o apartamento. As instruções incluíam a ativação do wifi e localização dos utensílios mais necessários. Os problemas, que se resumiam em uma única dúvida, começaram assim que ele cobrou a taxa turística, que não havia sido debitada antes, e foi embora. Percebi que toda a comunicação com o mundo exterior, inclusive o Umberto, era dependente da rede que, até aquele momento, não estava disponível. Nada aconteceu quando tentei habilitar a conexão. O celular identificou corretamente o serviço e solicitava a senha. Comecei a digitar uma sequência quilométrica de números e letra maiúsculas e minúsculas, que era sempre interpretada como incorreta. A forma mais lógica e moderna de entrar com a chave seria pela leitura do código QR afixado na geladeira. Isso era novidade para mim e não sabia como fazê-lo. Lendo as instruções em letras miúdas que acompanhavam a etiqueta descobri que deveria baixar um aplicativo que lesse o QR. Contudo, não podia instalar o aplicativo porque não tinha acesso à internet. O ovo ou a galinha? Entrei em desespero. Lembro de ter, na pré-história, baixado um aplicativo adequado, porém não o encontrava nem no celular e nem no tablet. Talvez tivesse sido em equipamento do qual já me desfiz. A solução que encontrei foi sair às ruas frias à cassa de uma rede gratuita, trabalho infrutífero. Resolvi então encomendar uma pizza numa das infinitas possibilidades de escolha desses estabelecimentos e tentar utilizar o wifi deles. O garçom até foi bem simpático, tentando usar o mesmo método de leitura de senha que eu já havia utilizado antes de sair. Agora qualquer espelunca tem um cartão plastificado com o desenho do QR Code. O problema continuava idêntico. Não havia aplicativo de leitura do código no aparelho que ia acessar a rede, o meu. Se não dava para ser do jeito fácil, seria pelo difícil. O pizzaiolo começou a digitar sua senha gigantesca no meu teclado. Após alguns erros conseguiu habilitar o wifi, com o que poderia baixar o aplicativo de leitura dos hoje icônicos desenhos. Mas nada é tão simples quanto se mostra. Ao voltar ao quarto, por alguma razão, o aplicativo não havia sido instalado e a rede era imprescindível para tal. Tentei novamente a interminável série de números e letras e, finalmente, algo ocorreu. Não sei bem o que. Surgiu um QR na tela do celular com uma mensagem que pedia para apontar a câmera de outro aparelho, que eu calhava de ter em mãos. O tablet. A partir daí consegui acessar a rede pelos dois instrumentos. Agora que podia receber mensagens e e-mails, tive acesso à uma informação importante da ITA, a companhia aérea que vai me levar para Malta. Simplesmente resolveram trocar o meu voo do dia 4 para 5. Sem nenhuma explicação. Poderia entrar em contato se tivesse alguma dúvida ou, caso não falasse nada, já estava remarcado. Como o que não tem solução, solucionado está, passei para o problema seguinte. Não ia discutir com a companhia aérea que, na melhor das hipóteses, me pediria desculpas pelo inconveniente. Entrei em contato com o Umberto para ver se havia possibilidade de ficar mais uma noite. Não havia. Tentei procurar nova acomodação no Booking, mas já estava com a cabeça cheia demais para decidir qualquer coisa. Deixei para hoje. A atualização do diário, realizada na sequência, também apresentou incontáveis problemas e me manteve acordado até um hora da manhã. Não quis deixar para o dia seguinte para não acumular com novos entraves. E assim encerrei um dia cheio. Acordei às 7:00 h tendo convicção de que não iria fazer nada o dia todo. Talvez saia para ver como está o céu. A previsão para todos os dias que vou passar na Itália são de instabilidade e nuvens espessas. Desanimadoras, no mínimo. Nada que convide ao exterior, normalmente tão convidativo. Também estou com medo de tomar banho porque o boiler que o Umberto me mostrou debaixo da pia é do tamanho de uma chaleira. E ele falou, em relação à água, de alguma coisa sobre 40 min, que não entendi. Eram tantas informações, entre inglês e italiano, que só queria que ele fosse embora. No quesito despesas, das três que tive ontem, duas foram feitas com o cartão errado. O de crédito, em vez do VTM, débito direto em euros. Ao menos pude confirmar a possibilidade do crédito, em caso de necessidade. Como os cartões agora são por aproximação nem tem jeito de verificar se a senha está correta, para valores baixos. Para começar o dia com alguma coisa produtiva, fiz uma reserva para o dia extra que serei obrigado a passar na cidade e mandei uma mensagem para a capital de Malta, minha primeira parada na ilha, para informar sobre a mudança de planos. Após as cinco horas dando pauladas na má sorte de ontem, decidi sair ao meio-dia. Tudo que eu havia encontrado de ruim merecia um olhar mais tolerante e também muita retratação. Antes de sair fui experimentar o banho. O que eu apelidei de chaleira tinha uma capacidade excelente de esquentar até queimar. Uma vez fora da porta constatei que o dia estava esplêndido, com sol forte que exigiu várias camadas de protetor. Passei por muitos dos atrativos que desdenhei ontem e entrei em várias igrejas. A maior parte do tempo, no entanto, fiquei ao ar livre. Subi várias escadarias para descortinar vistas de tirar o fôlego. A previsão do tempo, contudo, continua ainda um pouco desafiadora. A caminhada tinha a intenção também de apresentar o local da nova hospedagem do domingo, que fica para os lados da estação ferroviária principal da cidade. É normal em cidades europeias a proteção aérea por jatos da aliança militar. Hoje eles estavam sobrevoando com frequência a região central, em torno do Palácio presidencial. Havia muitos helicópteros também e provavelmente alguma visita de Estado. Um desfile de cavalaria estava em curso quando eu parei numa sorveteria para não destoar muito dos demais turistas. Voltei para o quarto às 19:00 h.