Sai às 8:30 h com vontade de ver o mar. Antes porém queria resolver de vez meu débito com o hotel e nem o velho cego que tomava conta da recepção novamente foi empecilho para a minha meta. Ele chamou a Margharetta que, após tentar postergar o recebimento para o dia final, foi obrigada a realizar a operação por causa da minha insistência. O céu estava bastante limpo, com alguma névoa no horizonte, prometendo uma jornada agradável, ao contrário das ameaças da página climática. Em pouco tempo havia deixado o perímetro urbano e entrava numa estrada de seis quilômetros como que traçada à régua. O percurso pela zona rural não ofereceu atrativo algum, com a única vantagem de acrescentar quilometragem na minha relação. Algumas casas absurdamente grandes e, aparentemente, fora de lugar, palacianas mesmo, davam a impressão de uma competição entre agricultores recentemente enriquecidos. Os campos em volta nem estavam tão cultivados e poucos apresentavam sinal de irrigação, apesar de essa prática ser corriqueira na Grécia. Às 10:00 h cheguei numa praia sem graça, com algumas moradias dilapidadas na beira da areia. Não tinha ideia de passar o dia ao sol, a não ser que encontrasse um local do meu estilo, no que não acreditava. Essa parte da costa é bem plana e só via penhascos na outra extremidade. Uma rua pavimentada contormava a baia e minha intenção era caminhar até o porto que fica na cidade de Katakolo (leia catácolo). De acordo com o mapa eletrônico poderia completar o trajeto de quatorze quilômetros só pisando no asfalto. Quase. Em alguns trechos a estrada passava a ser de terra mas não chegou a incomodar. Não dá para dizer que o passeio foi interessante e apenas serviu para passar o tempo. O porto de Katakolo, meu destino, parece ser ponto de parada de navios de cruzeiro e imagino que toda aquela gente que chegou em grupos ontem quando eu estava saindo da zona arqueológico de Olímpia tenha pegado os ônibus que ficam estacionados aqui. Como hoje não havia nenhuma nave grande o movimento das tavernas e lojas na rua do comércio paralela ao mar estava fraco. Quem chamou a atenção foram as inúmeras águas-vivas que nadavam entre os iates da marina. Não sei se aquela era uma espécie diferente mas eram muito maiores do que as que tinha visto até então e apresentavam uma bela cor arroxeada. Optei por voltar pela rodovia principal no longo e interminável retorno. O tráfego era intenso porém a estrada larga e de duas faixas em cada sentido tinha acostamento em determinados pontos e, a partir de alguns quilômetros antes do centro, dispunha de calçada ampla, que funcionava como ciclovia. Mesmo assim o percurso foi bastante tedioso e não vi nenhuma bicicleta. Algumas nuvens adornavam uma parte do céu porém nunca chegaram a ameaçar, nem visualmente nem com trovoadas.